Congelamento de tarifa de ônibus começa a causar preocupação maior em equipe de Doria
Apesar de o prefeito eleito declarar com ar de tranquilidade que o congelamento das passagens de ônibus custaria aos cofres públicos R$ 550 milhões a mais pelos subsídios maiores para o sistema, a preocupação nos bastidores para o cumprimento da promessa começa a ficar ainda maior.
Nesta quinta-feira, 10 de novembro de 2016, Júlio Semeghini, deputado do PSDB, coordenador da equipe de transição e futuro secretário de gestão do prefeito eleito João Doria, em entrevista coletiva, disse que junto com a equipe do atual prefeito, Fernando Haddad, verifica os impactos do congelamento e também como será recuperação dos valores de subsídios a mais que foram repassados neste ano em relação ao previsto no Orçamento da Prefeitura.
“Estamos discutindo com a equipe do prefeito Fernando Haddad como vamos resolver para não dar o aumento da inflação (em 2017) e como será a estratégia de recuperar essa perda com aumento dos subsídios (de 2016)”
Como adiantou em primeira mão o Diário do Transporte,na segunda quinzena de setembro, todo valor de R$ 1,79 bilhão em subsídios previsto para este ano inteiro já tinha acabado. Relembre aqui: https://diariodotransporte.com.br/2016/09/19/valor-de-subsidio-aos-transportes-de-sao-paulo-previsto-para-todo-ano-acaba-nesta-semana/
Desde então, a Prefeitura de São Paulo tem realizado uma série de remanejamentos para cobrir a diferença entre o que as empresas arrecadam com a venda de passagens e os custos reais do sistema. Relembre a relação dos principais repasses: https://diariodotransporte.com.br/2016/10/29/haddad-remaneja-mais-r-100-milhoes-para-cobrir-tarifas-de-onibus/
Os custos com os subsídios aumentaram após a ampliação de gratuidades.
A redução da idade mínima de 65 anos para 60 anos para idosos não pagarem passagem e o passe livre integral para mais de 700 mil estudantes terão Impacto neste ano de R$ 750 milhões a mais na conta dos subsídios. Entra nesta conta também o congelamento das tarifas dos bilhetes únicos diário, semanal e mensal.
Apesar do remanejamento de recursos, os débitos da prefeitura para o sistema de transportes são altos.
De acordo com dados da própria SPTrans, obtidos pelo Diário do Transporte, até esta quarta-feira, 9 de novembro, a dívida acumulada da prefeitura para as empresas de ônibus era de R$ 191,57 milhões
Por dia, a operação de ônibus em São Paulo custa R$ 22 milhões
CUSTO DO CONGELAMENTO:
Quanto o congelamento vai custar aos cofres públicos também não é consenso entre os discursos do prefeito eleito João Doria e os dados apresentados por técnicos da prefeitura.
Inicialmente João Doria calculou que manter a tarifa de ônibus em R$ 3,80 no ano de 2017 teria um impacto de R$ 450 milhões a R$ 500 milhões nos cofres públicos. Agora já fala em R$ 550 milhões.
Já os técnicos da prefeitura que elaboraram a proposta de orçamento para o ano que vem, preveem que se houver congelamento, será necessário aumentar em pelo menos R$ 1,2 bilhão os subsídios.
A prefeitura reservou no orçamento R$ 1,7 bilhão em complementações, mas contando com eventual aumento.
ALCKMIN NÃO GARANTE CONGELAR TARIFA DO SISTEMA DE TRILHOS:
O governador de São Paulo Geraldo Alckmin não está disposto, pelo menos por enquanto, a fazer o mesmo que seu afilhado político, João Doria, e não deve congelar as tarifas do Metrô, da CPTM e dos ônibus intermunicipais da gerenciados pela EMTU em 2017.
Segundo Júlio Semeghini, deputado do PSDB, coordenador da equipe de transição e turo secretário de gestão do prefeito eleito João Doria, em entrevista coletiva nesta quinta-feira, 10 de novembro de 2016, Geraldo Alckmin não garantiu congelamento da tarifa do transporte coletivo.
O Metrô enfrenta problemas de caixa, a exemplo da CPTM, com a queda na arrecadaçãfuo de passagem e também de receitas diversas, como de publicidade.
Júlio Semeghini diz que Alckmin tem participado da discussão, mas não é certo que a exemplo do que vinha ocorrendo em anos anteriores, as tarifas de metrô e a tarifa do trem sejam do mesmo valor dos ônibus municipais da capital paulista.
Caso Doria cumpra a promessa de congelamento do valor das tarifas dos ônibus, o metrô e o trem terão passagens mais altas, podendo ultrapassar R$ 4,10. Haverá, como consequência, um descompasso nas integrações pelo Bilhete Único, e uma possível fuga dos passageiros dos sistemas sobre trilhos para os serviços rodoviários urbanos.
Fonte: Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes