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5 de junho de 2018

Haddad vai cobrar mais do Uber e ‘cutuca’ Doria

Em sua primeira entrevista coletiva após o encontro com o eleito João Doria (PSDB), o prefeito Fernando Haddad (PT) escapou das perguntas sobre a transição de governos e se limitou a anunciar que, a partir desta terça-feira (11), passa a cobrar de forma progressiva dos aplicativos de transporte individual, como o Uber, a taxa para uso das vias (chamada de outorga). As novas regras estão no Diário Oficial desta terça-feira.

Desde a regulamentação dos aplicativos na capital, em maio, a Prefeitura cobrava uma tarifa fixa de R$ 0,10 por quilômetro rodado, repassadas ao consumidor. A nova determinação estipula um limite de viagens no período de uma hora para cada empresa. Caso toda frota do aplicativo ultrapasse 7,5 mil km rodados nesses 60 minutos, será cobrado o excedente. 

O valor cresce conforme a quantidade de quilômetros percorridos podendo chegar a R$ 0,40 por km caso a empresa supere os 37 mil km em uma hora. Na prática, o aplicativo que detém a maior fatia nesse mercado, vai rodar mais, ultrapassar os limites e, se repassar o valor ao usuário, cobrar mais caro.

Segundo a Agência SP Negócios e Parcerias, setor do governo Haddad que auxilia na obtenção de PPPs (Parcerias Público-Privadas), quatro aplicativos de transporte individual estão autorizados hoje a trabalhar na capital, e outros três mostraram interesse. Cerca de 90% da frota de quase 5 mil carros pertence à Uber.

A mudança, segundo o prefeito, não é uma alternativa para arrecadar mais, e sim um incentivo à concorrência. “A ideia não é deixar mais caro, é abrir para concorrência e evitar monopólio. Uns vão diminuir, outros vão crescer.”

Alfinetada em rival foi ‘liberdade de expressão’

O tom de “transição republicana” repetido por Haddad e Doria em seus pronunciamentos na semana passada ficou para trás. Ainda no domingo, o petista esteve na manifestação organizada por seus seguidores na Avenida Paulista e alfinetou o tucano ao dizer que “São Paulo não está à venda”, numa clara e direta crítica a seu adversário, que prometeu concessão ou privatização de parques e outros espaços como Pacaembu e Interlagos. 

Na segunda-feira (10), durante a coletiva, após explicar como funcionaria a nova cobrança dos aplicativos de transporte individual, Haddad se retirou da sala sem responder perguntas sobre a transição. Questionado, afirmou, sorrindo, que mandassem a pergunta para a assessoria. Sobre a alfinetada na manifestação, manteve o tom debochado: “(o que eu quis dizer com aquilo) Nada. Foi só liberdade de expressão”, disse. 

Como Haddad só fica no comando até 31 de dezembro, a nova determinação terá reflexos na gestão de Doria. Em nota, a assessoria de imprensa do vencedor das eleições que o tucano não foi informado oficialmente sobre a medida e, por isso, não ia se pronunciar. Da mesma forma, Doria não quis comentar as “cutucadas” de Haddad.

RESPOSTA Da empresa Uber

Usuário será punido

Em nota, a Uber, que tem 90% desse mercado, afirmou que “limites arbitrários criam sistemas ineficientes, fazendo com que os preços subam para o consumidor, o número de viagens diminua para os motoristas parceiros e o incentivo para compartilhar viagens diminua, aumentando o número de carros nas ruas. O resultado disso é um mercado onde o usuário é punido por escolher o serviço em que ele mais confia.”